Estamos vivendo em uma sociedade sem tempo, está cada vez mais difícil conseguir um dia livre para o descanso e consequentemente para participar dos cultos regulares na igreja. Como prova disto a multiplicação dos cultos on-line[1]. Há algum tempo foi criada uma lei que autoriza os estabelecimentos comerciais trabalharem aos domingos[2], muitas empresas também têm expedientes produtivos aos finais de semana, infelizmente perdemos a cultura do final de semana – do período de descanso. Todo dia é dia de trabalho, “tempo é dinheiro”. Isto sem falar daqueles que trabalham e estudam, ou ainda daqueles que trabalham em turnos alternados, nestes casos as dificuldades são ainda maiores.
Diante destas dificuldades, muitos cristãos se veem privados de cultuar nas reuniões regulares dos finais de semana. Sempre que possível estão presentes, porém nos ambientes legalistas estas pessoas são sempre julgadas em seu retorno como aqueles que estavam desviados, a mensagem do púlpito é dirigida a estes. [3] São os “bons filhos que retornaram a casa, que estavam mortos, mas ressuscitaram”. Agora vamos pensar… Quem disse que estavam desviados? Quem disse que estavam mortos? É possível que estes, que estiveram impossibilitados de frequentar a igreja em algumas reuniões, por alguns finais de semana, tenham buscado mais ao Senhor do que aqueles que sempre estiveram presentes (notem isto é um dado intangível), mas em seu retorno são julgados pelos que tiveram a oportunidade de frequentar assiduamente as reuniões e demais eventos.
Sabemos da necessidade de congregar as pessoas para adorar a Deus, de terem comunhão umas com as outras – sabemos, e lutamos por isso! Mas é triste perceber ambientes que nutrem uma teologia fraca, uma doutrina bíblica raquítica, que por meio da ida ao templo julgam as pessoas quanto a sua salvação e permanência no Senhor. Diversas pessoas acabam se afastando da igreja por não conseguirem, nunca, alcançar o padrão de frequência exigido pela comunidade. Isto é muito comum, a abordagem ao sujeito que em determinada reunião ou festividade não pode estar presente, na maioria das vezes é a seguinte: “Sentimos sua falta ontem, você não veio, deixou de ser abençoado” Novamente… Quem disse que deixou de ser abençoado? Por que não perguntaram o real motivo de sua ausência? Por que não deram liberdade (sem fazer cara feia) para seguinte resposta: “por que estava trabalhando ou simplesmente porque não quis, fiquei com minha família!” Abordagens como estas esgotam e fadigam as pessoas.
O cenário citado acima demonstra uma contribuição negativa, presente nos ambientes legalistas. Ao aferirem a espiritualidade de seus membros pela frequência aos cultos e demais eventos da igreja estão, sem saber, contribuindo para o crescimento de um grupo denominado pelo escritor Alan Corrêa como “Dissidentes da Igreja”[4], nesta obra o autor explana com maior profundidade aspectos relacionados a um número crescente de pessoas que tem desistido de congregar.
Deus os abençoe!
Por Pr. Rodrigo Silva